segunda-feira, 20 de junho de 2011

Coisas Frágeis - Volume 1



Eu não sei o que há comigo, mas quando algo 'cheira' a um livro de contos, eu já to lá comprando. E não foi diferente com Coisas Frágeis, do Neil Gaiman.

Tem algo na forma de contá-los que me atrai demais - seja a narrativa mais leve, perfeita pra se degustar aos pouquinhos, ou as peças de criatividade que não dariam um livro de 300 páginas, mas que conseguem nos pegar de surpresa em quase todos os seus finais derradeiros. É, eu realmente gosto de contos, porque eles carregam fragmentos da criatividade dos seus autores (dá pra ver se um cara é bom só pelos contos que ele escreve). São como pedacinhos da alma dos caras, que ficaram lá, no fundo da cachola, e que uma hora resolvem se contar.

Mas, por quê ler ESTE livro de contos?


Bom, vamos por partes. Primeiro, é do Neil Gaiman que eu to falando, (sim, ESSE cara merece os elogios que eu dou) que no momento é o pai da fantasia moderna e das histórias mais soberbas que eu já li. Ele é tão bom, que até o QUADRINHO adulto que ele fez ganhou prêmios sérios de literatura. Ele é meio que um Tim Burton, só que do papel, então todas as histórias que ele cria pendem pra alguma coisa sutil-soturna-satírica, sem perder o requinte.


Segundo lugar, esses contos são únicos. Tem de todos os tipos: no começo de ambos os livros (falando aqui sobre o vol. 1 e o vol. 2) vocês tem uma descrição do por quê do conto ter sido criado, ambientação, onde foi baseado, pra quem foi feito (tem um conto feito pra filha do Neil Gaiman no primeiro livro, muito bom), dentre outras coisas. Eu só não gostei muito dos poemas, porque como li em português eles perdem um pouco da sonoridade e da graça que teriam se fossem em inglês, mas faz parte.

Tá, mas vamos logo aos contos principais de cada volume:

Volume 1:

A Vez de Outubro

   Esse conto virou o meu predileto no momento que eu acabei a última palavra. É uma reunião dos meses, que acontece em uma clareira, no meio de uma floresta, e os meses do ano precisam contar (cada um) uma história, por ordem. Outubro é o mês que preside a reunião, então ele começa a contar a sua história por último, e, sinceramente, é incrível.


Um Estudo em Esmeralda

 Algo familiar nesse título? Sim meus caros, não é mera coincidência: é um conto de suspense, ambientado na Londres do Sherlock Holmes, com todos os seus característicos traços investigativos, e - aí que mora a surpresa - a mitologia inteira do H. P. Lovecraft (do Call of Cthulhu) incluida. É um conto daqueles de perder o fôlego, por juntar muito bem o suspense e a insanidade dos deuses antigos de Lovecraft e o mote investigativo do detetive mais querido do mundo. 

O Problema de Susan

(spoiler pra quem não leu As Crônicas de Nárnia!!)  

Sempre me peguei pensando: e a Susan? O que houve com ela no fim? Afinal, ela foi a única de toda a família que realmente viveu, mas o mundo de Nárnia decide cortar ela da história como uma erva daninha, logo que ela vira uma jovem mulher. Poisé, a pergunta não-respondida pelo C.S. Lewis pode estar aqui, e de uma maneira bem ácida, brincando com alguns dos simbologismos e teorias de pureza que esse autor tentou de todas as formas possíveis jogar sob os jovens leitores.


Bom, esses foram os meus prediletos do primeiro volume. Na verdade, eu adorei todos, todos, mas prometi pra mim mesma que não ia ficar muito tempo falando sobre cada um dos contos (pelo menos não hoje), então vou fazer o post por partes.



Até o próximo post, com mais contos do primeiro volume ou alguns contos do segundo volume!