domingo, 13 de setembro de 2009

Nova Literatura Brasileira?

  Eu estava falando com uma amiga minha, e ela me contou que o irmãozinho dela, que está na quinta série do ensino fundamental, foi obrigado a ler “O Monge e o Executivo” na escola. Ora, por favor! Isso é livro que se entregue para uma criança? Não me surpreende que Literatura seja uma das matérias mais odiadas por adolescentes no Brasil. Bom, tudo bem que tem muita cabeça-de-vento espalhada por esse país, que acha que vai crescer como indivíduo escutando a “poesia” escondida nas letras do funk brasileiro, mas essas abominações só estão aí por causa de professores sem tato, como essa professora de Português, que deu um livro-monstro para criancinhas de 10, 11 anos. 

  Até hoje, eu pensava que o problema da Literatura na escola era somente o incentivo tardio da leitura, que causava o pavor de jovens do ensino médio que nunca leram mais do que um gibi e que, de repente, eram obrigados a ler um José Saramago da vida. Na realidade, o problema está no primeiro livro que eles lêem, já que é ele que “apresenta” o mundo literário e que faz a pessoa ter gosto de ler, ou nunca mais chegar perto de um livro. 

  O primeiro livro, principalmente para crianças, precisa ter elementos fantásticos, que prendam a atenção e os façam entrar na história. É nessa hora que a Literatura Brasileira deixa a desejar, salvo autores como Monteiro Lobato e Cecília Meireles, que são ótimos para iniciar crianças, mas que fazem livros para uma faixa-etária (na minha visão) dos sete aos dez anos, por aí.

  Crianças de dez anos em diante precisam de livros fantásticos, mas que já respeitem um pouco a visão pré-adolescente que eles vão adquirindo, como, por exemplo, o famoso Harry Potter, os livros da coleção Desventuras em Série, Artemis Fowl, a coleção A Sétima Torre, As Crônicas de Nárnia, dentre outros. Esses livros têm uma história repleta de aventura, fantasia, ação, e ao mesmo tempo ajudam no vocabulário, além de dar uma base de estrutura textual sólida. E isso que eu não falei sobre o aumento da concentração, criatividade, lógica, entre outros benefícios.

  Mas e para aqueles que chegaram ao ensino médio sem ler nada? É aí que entram livros como Crepúsculo, os livros do autor André Vianco, a Série Fronteiras do Universo, Stephen King, etc.; que tem uma linguagem simples, mas apresentam temas um pouco mais complexos, e geralmente entram em gêneros de suspense, terror, sem abandonar a ficção.

  Agora, depois de tudo o que eu falei, imagine uma criança que foi “iniciada” com Harry Potter, e outra com O Monge e o Executivo, como o irmão da minha amiga. Diferença, não?
Literatura Brasileira é boa, não me entendam mal; o problema é que todos nós precisamos de certa bagagem grande de interpretação de texto antes de pegarmos livros de um português mais formal e antigo, que é o estilo que predomina nos livros pedidos nas escolas. Professores, na sua grande maioria, pensam que como eles lêem e entendem textos maçantes, os alunos são obrigados a lê-los e interpretá-los também. Isso precisa ser mudado!

  Acho que para acabar esse texto nada melhor do que uma citação de um autor gaúcho que entendia de frases de efeito:

“ Existem dois tipos de livros: Um que o leitor esgota, e outro que esgota o leitor ”
Mário Quintana